Vem daí apanhar bolotas de carvalhos cerquinho (Quercus faginea) e negral (Quercus pyrenaica), carrasco (Quercus rotundifolia) e sobreiro (Quercus suber) com o Parque Natural do Douro Internacional e Associação ALDEIA em terras de Miranda do Douro.
PNDI e ALDEIA organizam uma acção de recolha de bolotas com o objectivo de as semear num viveiro da EDP em Setúbal, para posteriormente florestar áreas integradas na Rede de Micro-reservas botânicas do Parque Natural do Douro Internacional.
Com esta acção pretende-se sensibilizar em relação aos métodos utilizados para a produção das espécies autóctones, para reabilitarmos as nossas florestas que têm vindo a degradar-se devido ao aumento dos incêndios e abandono generalizado.
Em Portugal continental, a vegetação natural é predominantemente condicionada pela influência climática atlântica e mediterrânica que cruzam o território e que implicam a coexistência de espécies da Europa centro-ocidental e da Europa do sul, algumas delas encontrando aqui os seus limites de expansão setentrional ou meridional. Este conjunto constitui cerca de 2/3 das espécies da flora de Portugal continental, às quais se juntam as que são características da Península Ibérica e da África do Norte. Existem aproximadamente 3000 espécies de flora vascular, destacando-se 86 endemismos lusitânicos e um significante número de espécies endémicas ibéricas.
Considera-se necessário a tomada de medidas urgentes de conservação para aproximadamente 10% do total das espécies. Destas, 18 estão provavelmente extintas, 100 em perigo de extinção, 155 são vulneráveis e 20 são raras (segundo Ramos Lopes & Carvalho, 1990).
A Floresta autóctone, para além da sua elevada importância ecológica na conservação da biodiversidade, na conservação dos solos, água e regularização dos recursos hídricos, tem contribuído ao longo dos tempos, como matéria prima para várias utilizações do Homem. O artesanato, a construção, a produção de cortiça, a carpintaria, a marcenaria e a produção de frutos silvestres só sobreviverão se reunirmos esforços na preservação e no aumento significativo destas florestas.
Hoje em dia, com o abandono generalizado da agricultura, é urgente revitalizar estes espaços. O aproveitamento da regeneração natural nessas área abandonadas, forçando a reflorestação com aumentos de densidade, e igualmente em territórios percorridos pelos incêndios terá uma primordial importância económica, através de uma exploração sustentável e também no contributo de sequestro de CO2.
Vamos por todos, travar estes efeitos negativos da desertificação física e humana, passando à acção prática de poder usufruir destes bosques naturais e apanhar sementes para os podermos multiplicar.