A arquitectura do Nordeste encontra nos pombais uma das construções mais representativas e que melhor define o sentido comum e de utilidade do património edificado desta região. A cultura de aproveitamento dos recursos existentes, que tão bem identificam as terras de economias pobres, oferece em ocasiões magníficas exemplos da sábia combinação de objectivos e meios.
Grandes desconhecidos para a maioria, os pombais tradicionais são um produto de um sistema de exploração ancestral único com origem em economias de auto-abastecimento que contribuiu durante muito tempo para complementar as necessidades familiares no meio rural. A utilização do pombo tinha o duplo interesse em termos estéticos e utilitários, este último pela sua carne bastante apreciada, produção de estrume (designado de “pombinho”) e penas. Esta perspectiva antiga, encontra-se praticamente em desuso o que levou ao seu abandono e, finalmente, não contrariando esta tendência, ao seu desaparecimento.
Para estas construções, fruto da sabedoria e arquitectura popular, o projectista campestre empregava materiais que a geologia presenteava e que representavam menores recursos económicos, originando-se em geral, uma perfeita simbiose paisagística.
Desde antigamente que os pombais foram povoados por duas espécies, Columba livia (pombo-das-rochas) e Columba oenas (pombo-bravo), sendo principalmente fundamentais para a primeira delas. Numa perspectiva primordial os pombais deverão ser encarados e enaltecidos pela sua função de carácter ecológico importantíssimo, pois por um lado estão a associados a práticas agrícolas ambientalmente sustentáveis, como é o caso do uso do “pombinho” como excelente fertilizante agrícola de uma forma limpa e livre de químicos, e por outro lado, pelo papel que os pombos representam como fonte de alimento para diversas espécies de animais selvagens, principalmente aves de rapina, algumas delas em perigo crítico de extinção na região, como é o caso da ameaçada Águia-de-bonelli (Hieraeetus fasciatus). |